Workshop com Professores: eles já faziam MoE?

Pela primeira vez em terras brasileiras tive a chance de conversar com professores em ação e mostrar um pouco do MOE.
Percebi que os professores já estão abrindo mais sua prática para ouvir o aluno, deixá-lo ter um pouco de responsabilidade em seu aprendizado, mas isso não é MoE.MoE envolve muito mais. Envolve planejamento sistemático, o mergulho do professor na imaginação do aluno, e capacidade de cercear o que a criança diz focando-se sempre no currículo a ser trabalhado, sem ser um ditador. É preciso saber utilizar a linguagem certa, saber como engajar as crianças desde o primeiro momento, saber como delinear uma sessão, estar apto a assumir erros, inserir diferentes tensões, e muito mais.

Para se entender de fato o MoE, é necessário ser treinado. Não em um dia, mas em várias horas. Não somente na teoria, mas também na prática. Que professor gosta de ser assistido? Acredito que poucos. A ideia de ser julgado e criticado torna-nos inimigos do conhecimento. Se não permitirmos a crítica, se não permitirmos que o outro nos observe e nos ajude a crescer, não há progresso. E aí, ficamos mais uma vez estagnados nos antigos modelos de educação, que só querem que o aluno absorva como uma esponja, não permitindo a ele crescer enquanto ser humano. Se não houver um real engajamento do professor, uma real crença naquilo que o aluno traz consigo, não há como pedir à criança que seja ativa, que tenha voz, que seja crítica.

Se o aluno não sentir que possui crédito com seu professor e com seus colegas, que sua opinião será respeitada e levada em consideração, teremos mais uma vez uma turma que sairá da escola e não saberá se postar frente aos desafios da vida.

No workshop dado, saí com a sensação de que o que fiz não tinha sido pleno. Não tinha fechado o ciclo iniciado. Falar apenas sobre como o MoE é e como ele pode ser, não é suficiente para educadores que estão fechados nos quadrados de suas escolas. Educadores que, por mais boa vontade que tenham, acham que fazem o certo, que fazem o melhor, mas estão, no fundo, enclausurados nas formas, nas metodologias e na ideia pensada por um outro. Saí com vontade de ter tido mais tempo, de ter podido estar nas salas, conversado com os professores que tentarão acrescentar algo novo a sua prática, mas a volta não foi marcada, e nunca aconteceu.

O processo que só se inicia, que não tem acompanhamento, se perde na falta de prática, na falta de incentivo, na falta de opções. Somos apenas humanos, e tentamos nosso melhor, mas precisamos nutrir constantemente a mente, dando continuidade às experiências e às vontades.

Escrito em 26/03/12, revisado em 15/08/17

2017-08-15T14:26:58+00:00